O TST x a Indústria 4.0 x o eSocial...
O que uma coisa tem a ver com outra??
A imagem vem de: http://estudioboom.blogspot.com/
Em 2013 quando tive a
oportunidade de ingressar na atual instituição na qual trabalho até hoje, como
instrutora técnica do Curso Técnico em Saúde e Segurança do Trabalho, de pronto
me chamou a atenção o fato de o único momento em que estes alunos ingressavam
em laboratório de informática era para escrever o TCC – Trabalho de Conclusão
de Curso. Neste momento o instrutor se deparava com um grande problema, o
analfabetismo tecnológico! Alguns alunos sequer sabiam ligar um computador, que
dirá usar aplicativos como editores de texto, planilhas e outros, alguns não
tinham sequer conta de e-mail!
Você pode achar que estou
inventando, mas acredite, a bem pouco mais de 2 meses, (estou falando de 2018) atendi
uma turma de Técnicos em Eletromecânica com o mesmo problema.
Porque estou escrevendo sobre
isto?
Estamos em tempo de revolucionárias
mudanças, está aí a tal indústria 4.0!
O que é isto? De onde saiu? E agora
o que fazer?
Esta tal quarta revolução
industrial não chegou em 2018, ela está se anunciando desde o advento dos computadores
de tela âmbar, não caiu do céu, não veio com a última chuva, ela vem
acontecendo como uma inevitável consequência de nosso conforto digital!
E o que isto têm a ver com
eSocial?
Esta outra realidade nacional
também não é nova, não é invenção de partidos políticos, trata-se da revolução
do controle financeiro da população, que vêm acontecendo desde o advento do CPF
– Cadastro de Pessoa Física (1968) e do CGC (1964) – Cadastro Geral de
Contribuintes, atual CNPJ – Cadastro de Pessoa Jurídica, apenas nos anos 60,
não existiam controles eletrônicos como o que temos atualmente e que aliás faz
parte da inexorável e incessante revolução tecnológica que vêm trazendo em sua
crista a indústria 4.0.
E o que o TST tem a ver com isto?
Lembra como começou este texto?
Lembra da NBR 14280 de 2000?
Quando entrei na instituição em
2013, em uma reunião de área, sugeri que os alunos deveriam conhecer esta norma
tão importante para nossa área, que é inclusive base de formação para os mais
importantes documentos de SST como a CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho,
o PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário o FAP – Fator Acidentário de Prevenção.
Não apenas para saber que se trata das bases de procedimento, classificação e cadastro
de acidente de trabalho, mas para estudar de forma sistêmica sua importância e
principalmente entender que é um documento que apresenta as bases para a
formatação de um banco de dados da área. Desta forma os alunos seriam
introduzidos nos conceitos tecnológicos de controles epidemiológicos, cálculos
planilhados eletronicamente e principalmente pensamento tecnológico.
De novo... alguns alunos sequer
sabiam ligar um computador, que dirá usar aplicativos como editores de texto,
planilhas e outros, alguns não tinham sequer conta de e-mail! Inclusive alguns
colegas instrutores!
Interrogações se fizeram aos
milhões! E as exclamações também!
Professora! Este não é um curso
de “computação”!
O que pretendo com este humilde
texto é mostrar que, relembrando um outro post meu sobre pensamento sistêmico,
não podemos cair no erro de enxergar nossa realidade profissional em caixas
estanques, como se uma coisa não tivesse nada a ver com outra.
Fui interrogada durante uma feira
a alguns dias atrás: Na indústria 4.0 vai haver uma substituição em massa da
mão de obra humana por máquinas, não haverá mais acidente de trabalho, sendo
assim a senhora não acha que vai acabar a profissão de TST?
Minha resposta foi: - Vai acabar
mesmo... e demorou!
Como assim?
Técnico sem tecnologia não vinga.
Vai acabar o técnico que se forma apenas para preencher formulários,
inspecionar áreas, controlar agenda de exames e férias, este está fadado a
desaparecer. Ficará no mercado de trabalho aquele te pensa tecnológica e
academicamente, ou seja, o técnico de segurança do trabalho “consultor da
gestão de saúde e segurança do trabalho”!
Este novo técnico possui visão sistêmica
e sabe orientar as demais gestões empresariais de forma integrada, cuidando
para que a informação entregue ao eSocial seja o espelho dos processos de
produção da empresa e que os dispositivos de proteção e qualidade de vida dos
colaboradores estejam de fato sendo efetivos e eficazes.
O SESMT – Serviço Especializado
de Engenharia Segurança e Medicina do Trabalho, sairá de uma posição de “serviço”
para assumir o seu tão merecido status de gestão, formando futuramente o GESMT
- Gestão Especializada de Engenharia Segurança e Medicina do Trabalho, aos
moldes do que aconteceu com os setores de RH – Recursos Humanos, TI –
Tecnologia da Informação e outros.
Se este novo técnico não
transitar nesta nova Gestão Integrada como profissional que promove o diálogo
corporativo, atuando como fonte de informação técnica normativa, promovendo,
como dizia o saudoso Armando Campos, a blindagem do sistema para proteção contra
despesas desnecessárias decorrentes de multas tributárias, este não terá onde
atuar.
Temos diversos exemplos de várias
profissões que estão sendo “comidas” pela tecnologia, trazendo resultados de
maior qualidade, rapidez e principalmente com custos menores.
Pergunto: isto é ruim?
E respondo: de jeito algum!
Ruim é a tecnologia ineficaz que
gera impostos cada vez mais pesados e incapacitantes corporativamente.
O momento requer competência! E
neste momento de grandes paradigmas, quem não a tem, não se estabelece!
Autora do texto:
Isabel Fernanda de Araujo
Técnica de Segurança do Trabalho SRTDF 1334
Gestora de Tecnologia da Informação.
julho/2018